Biografia: Afrânio Pompílio Bransford Bastos do Amaral nasceu em Belém do Pará em 1 de dezembro de 1894 iniciando seu interesse pela ciência já na infância, nas idas ao Museu Emílio Goeldi. Em Salvador graduou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus (atual Universidade Federal da Bahia) com distinção recebendo o prêmio Panteão da Escola, prêmio Alfredo Britto e uma viagem ao exterior por sua tese em 1916, ano em que também trabalhou no Hospital de Salvador, nas clínicas médica, ginecológica e cirúrgica, tema de sua primeira especialização.
Em 1917 chegou a São Paulo e começou a trabalhar no Instituto Butantan como auxiliar no Laboratório de Opoterapia. Logo se destacou passando a sub assistente (1918) e depois assistente no Laboratório de Ofidismo, trabalhando lado a lado com Vital Brazil, Florêncio Gomes e outros grandes pesquisadores, publicando trabalhos e assumindo também, de forma interina, o cargo de diretor do instituto em 1921.
No fim deste ano, Afrânio partiu para o exterior com a viagem que ganhou por mérito na universidade, a fim de ampliar seus conhecimentos norteados por alguns temas como medicina experimental, diagnóstico da sífilis e a orientação do sistema universitário na Europa, passando por diversos países como Itália, França e Alemanha, destacando – se nos Estados Unidos, país em que ficou por mais de dois anos estagiando na Universidade John Hopkins, Universidade de Cambridge, Boston e Harvard, onde se doutorou em medicina tropical e lecionou. Convidado pelo governo norte-americano , organizou e dirigiu o Antivenin Institute of America (1925-1927), instituição voltada para serviços e pesquisas de defesa a acidentes antiofídicos na América do Norte e Central.
Neste período já era um pesquisador renomado, realizando palestras e parcerias com diversas instituições, sendo matéria de capa da Revista Times, além de receber o prêmio “John Scott” pela academia de ciências da Filadélfia. Voltou ao Brasil em 1928 para assumir novamente o Instituto Butantan, promovendo uma reorganização na instituição, criando laboratórios destinados a pesquisas pioneiras em química orgânica, medicina experimental, farmacologia, endocrinologia, genética, entre outros, e trazendo pesquisadores estrangeiros para compor o quadro de funcionários. Nos anos 30 participou das comissões de planejamento da Cidade Universitária (atual Universidade de São Paulo/USP) e da fundação da Faculdade Paulista de Medicina. Dedicou-se também na reestruturação da Cruz Vermelha e fez parte do Conselho Mundial de Saúde.
Dirigiu o Instituto Butantan em três períodos distintos (1921, 1928-1938 e 1953-1956), desenvolvendo pesquisas no campo da ofiologia, descrevendo mais de 100 espécies de serpentes, publicando cerca de 450 artigos e livros aclamados como “Serpentes do Brasil”.
Afrânio do Amaral foi um dos pesquisadores mais ativos de nosso século, com pesquisas nas mais diversas áreas, como linguística, filologia e nutrição, recebendo o Prêmio Nacional de Alimentação em 1950 por seus pioneiros estudos sobre a química da nutrição e o aproveitamento tecnológico de soja, iniciados em 1922.
Membro de inúmeras sociedades científicas, fez parte da Academia Paulista de Letras e presidiu a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica. Afrânio do Amaral faleceu em São Paulo em 29 de novembro de 1982.

História arquivística: Os documentos passaram por uma primeira organização feita por Paulo Emílio Vanzolini (Museu de Zoologia), Myriam Elizabeth Velloso Calleffo e Suzana Cesar Gouveia Fernandes (Instituto Butantan) em 2005 e cerca de 1.680 cartas expedidas e recebidas foram identificadas por data, destinatário e assunto e a listagem dessa organização acompanhou a documentação doada ao Núcleo de documentação. Em 2017 iniciou-se uma revisão desta organização, identificando outras espécies documentais como telegramas, ofícios, avisos e bilhetes, anteriormente denominados como apenas cartas. Com a outra parte do conjunto, doado pela família de Afrânio do Amaral, realizou-se a separação por gênero documental (textual, iconográfico e tridimensional) e a descrição pensando na relação existente entre esses documentos, já colaborando para uma proposta de quadro de arranjo conforme as atividades exercidas por Afrânio do Amaral representadas no conjunto documental. Neste processo, percebeu-se o acúmulo póstumo de alguns documentos referentes à morte de Afrânio, como reproduções de artigos e outras publicações, provavelmente com o intuito de complementar o conjunto e realizados por seus outros custodiadores. Estes documentos foram separados e serão referenciados no quadro de arranjo do Fundo que está em processo de identificação. Tivemos a colaboração da pesquisadora Myriam Elizabeth Velloso Calleffo, do Laboratório de Herpetologia, na identificação e na revisão dos termos técnicos presentes nos documentos e instituições científicas.